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Vivo perdendo as pechinchas.

11/04/2025
Postado por: Murilo Moreno

Agora foi a vez de venderem a preço de banana a grife Versace. U$ 1,4 bilhão. Só nesta semana, a antiga dona, a Capri, deu um desconto extra de 200 milhões de dólares pra Prada fechar o negócio. Agora, se órgãos controladores não se opuserem, a marca volta a ser italiana, depois de sete anos de passaporte americano.

Mas porque foi uma pechincha? Porque em 2018, a Michael Kors pagou U$ 2,1 bilhões pra fundir as empresas e passar a se chamar Capri. O sonho de ser grande no mercado de luxo durou pouco e, com perdas anuais, tentou vender tudo, em 2023, pra Tapestry, dona da Coach e da Kate Spade, mas foi barrada pelo Cade americano. Sem solução, a nova estratégia foi torrar a italiana pra dar foco no empresa original.

Setecentos milhões de dólares é muito dinheiro. Sem considerar os prejuízos no tempo em que tomou conta, é como rasgar 100 milhões por cada ano que durou o sonho de ser grande. E mostra que luxo é um conceito muito diferente para os americanos e os europeus.

Do outro lado, Prada ganha uma moda muito diferente da dela. Ela sempre foi muito discreta e feminina, diferente da Versace, que é super espalhafatosa. Mas, em comum, são empresas que sabem conquistar os verdadeiramente ricos. O pulo do gato vai ser juntar a discrição da Miuccia Prada, maior acionista da empresa que tem seu nome, com a bizarrice da Donatela Versace. Por sorte, as duas são amigas.

O mercado de luxo não é coisa pra amadores. Os motivos pelos quais as pessoas compram uma ou outra marca não são nada objetivos. Esse é o mundo da auto expressão, em que cada produto adquirido é um manifesto para o mundo do que o dono pensa. Talvez por isso, quando olho pra Prada eu me lembre da Rolls Royce. E, na Versace, vejo a nova Jaguar, aquela que no ano passado chocou o mundo com sua nova identidade.

O que a Prada parece estar apostando é que tem gente pra tudo. E, por duzentos milhões a menos, a aposta fica mais fácil.


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Postado por: Murilo Moreno
Andando nos corredores do Supermercado Mateus, achei estranha a gôndola onde só havia produtos de flocos de milho, os famosos corn flakes, da Nestlé.

Onde estava Sucrilhos? Mais dez passos e descobri uma outra gôndola só da marca Kellogg's. Mesmo tamanho, o que representa quase a realidade do mercado, já que as duas disputam a liderança.

Ninguém fala claramente quem é a número um. É um segmento em que o silêncio é a resposta. Mas uma coisa é clara: Sucrilhos foi líder disparada por anos e anos e conseguiu perder espaço pra fabricante suíça, que virou uma empresa de fazer lançamentos. Agora, parece que a antiga líder acordou do sono.

Creio que nunca vi tanto movimento da marca do Tigre. Num ano só já relançou seus biscoitos recheados, misturou o corn flakes tradicional com o de chocolate, numa edição limitada, botou na rua uma promoção para gamers e criou uma versão com a Ovomaltine. Isso tudo, sem contar que o Tony, o nome oficial do tigre, ganhou uma versão 3D num novo comercial, lá no início de 2025.

Talvez esses movimentos já sejam resultado das mudanças que foram feitas no final de 2023. Naquela data, a empresa se quebrou em duas. Os Isteites passaram a ser uma, separada do resto do mundo. A americana nem bem foi criada e já foi vendida para a italiana Ferrero, aquela empresa dos Kinder Ovos. A outra divisão se renomeou Kellanova e parece que partiu para o ataque. É como filho pequeno que está aprendendo a andar de bicicleta. Na hora que tira as rodinhas, balança, balança, mas aprende a se equilibrar.

Nestle não é empresa de ficar parada vendo o concorrente se movimentar. Isso significa que essa aula de marketing ao vivo ainda deve ter novas lições vindo por aí. De toda forma, é sempre interessante ver como empresas e marcas são como serem vivos.

Sucrilhos existem desde 1959, quando chegou em Terra Brasilis. Kellog's já passou dde cem anos. Pela disposição, tem muitos anos vindo por aí.

24/10/2025
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Postado por: Murilo Moreno
Final do expediente do dia 09 de novembro, quando os funcionários da Eletrobras sairem pelas portas da empresa, será a última vez que eles farão isso.

Dia 10, quando chegarem novamente pra trabalhar, entrarão na Axia Energia. Nenhum prédio vai mudar, nenhuma novidade será lançada, mas ainda assim, tudo será novo.

Com essa mudança, vai faltar pouco pra ser apagado, de vez, o passado das grandes estatais brasileiras. Embratel morreu. Correios está, novamente, em crise. Petrobras sobrevive, como a exceção que confirma a regra. Elas têm sido substituídas por órgão reguladores, e o Governo tem deixado o trabalho para a iniciativa privada.

A Axia é dona de 22% da geração de energia das Terras Brasilis. Ou seja, uma em cada cinco casas ou empresas tem luz devido a uma usina da empresa. Mais importante ainda, 38% da transmissão é feita pelos seus fios. O que significa que ela transporta muita energia de muitos dos seus concorrentes. Tudo é exageradamente grande, na maior empresa do setor na América Latina.

Confesso que olho pro novo nome e não consigo ter sentimento nenhum a respeito. Eletrobras vem acompanhado de centenas de conceitos e percepções, para mim. Por mais que a gente não veja a palavra estampada todos os dias na nossa frente, 63 anos de existência geram uma lembrança de marca significativa. Axia, na minha mente, é uma página em branco. Tem muito que fazer para começar a ser reconhecida.

De toda forma, entre os motivos de Rebranding, este talvez seja um dos mais válidos: querer deixar o peso de ex-estatal pra trás e passar a ser vista como uma empresa privada como outra qualquer.

Olho e meu lado racional consegue entender a mudança. Mas, no fundo, o Bichinho de Marketing que vive dentro de mim está um pouco triste. Emocionalmente, é um pouco do meu mundo que se vai...

23/10/2025
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Postado por: Murilo Moreno
Definitivamente, não sou rico.

E devo morrer pobre. Então, o único lugar que vou ver o novo cartão de crédito da Mastercard vai ser nas notícias e no site da empresa. O foco dela é claro: ganha mais de noventa mil reais por mês? Tá dentro... ganha menos? Entra na fila...

É o Mastercard World Legend, lançado esta semana, com pompa e circunstância. Mais interessante? Brasil é o segundo país do mundo a ganhar o mimo, depois dos Isteites.

Lendo e vendo os comentários a respeito, é um cartão "mais do mesmo", para quem não precisa de crédito. Vai oferecer experiências exclusivas, em viagens, restaurantes, hotéis e por aí vai... O sucesso vai depender da capacidade de realmente criar coisas diferentes. Já está prometendo shows minimalistas, exposições de arte exclusivíssimas, atendimento diferenciado em restaurantes Michelin e por aí vai...

Acontece que em julho a Visa tinha lançado um cartão, o Visa Infinite Privilege, em que o sarrafo é ainda mais alto. Noventa mil é trocado. Aqui o mínimo é R$ 350 mil de salário por mês. E, pra atraí-los, até helicóptero grátis de SP para Guarulhos eles estão oferecendo.

Estamos falando de pouco mais de 1% da população que pode sonhar com essas novidades. São pouco mais de dois milhões de pessoas, mas que concentram mais de 27% do dindin que circula no país. Vale a pena o esforço.

Pena que a Anitta não vai poder usá-lo, pois o Mercado Pago não vai emitir o novo Mastercard World Legend. Ponto pro Luciano Huck, já que o Itaú está entre os autorizados. Que são só sete. Fora o banco do apresentador das tarde de domingo, Banco do Brasil, BTG, C6, PicPay, são aqueles que poderão convidar seus clientes. Interessante ver que Bradesco e Santander ficaram de fora da festa. Foram substituídos por cooperativas: Sicoob e Sisprime. Deve ser onde o dinheiro está...

Agora é ficar de olho nos próximos movimentos... Será que Elo também vai lançar um super ultra master plus cartão?

 

 

22/10/2025
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